quinta-feira, 29 de março de 2012

Frésias

 As minhas Frésias e um poema maravilhoso de Eugenio de Andrade




Que cheiro doce e fresco,
por entre a chuva,
me traz o sol,
me traz o rosto,
entre março e abril,
o rosto que foi meu,
o único
que foi afago e festa e primavera?

Oh cheiro puro e só da terra!
Não das mimosas,
que já tinham florido
no meio dos pinheiros;
não dos lilases,
pois era cedo ainda
para mostrarem
o coração às rosas;
mas das tímidas, dóceis flores
de cor difícil,
entre limão e vinho,
entre marfim e mel,
abertas no canteiro junto ao tanque.

Frésias,
ó pura memória
de ter cantado –
pálidas, fragrantes,
entre chuva e sol
e chuva
– que mãos vos colhem,
agora que estão mortas
as mãos que foram minhas?

Eugenio de Andrade

2 comentários:

  1. Querida Maria, que alegria leerte de nuevo, tienes un jardín precioso y el poema es muy hermoso.
    Espero que te encuentre muy bien y que tu ausencia simplemente sea por cuestiones de tiempo.
    Un beso y un abrazo enorme

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  2. Olá Maria! Adoro frésias, posso dizer que é uma das minhas flores preferidas, mas nunca tinha visto uma azul, as minhas são amarelas, brancas e outras matizadas. Beijocas.

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